A premissa básica da Teoria da Contingência é que não há uma maneira melhor de liderar uma organização. Existem muitas restrições externas e internas que interferem na forma de abordar determinada situação.
Em outras palavras, cada situação irá definir o melhor curso de ação. Tudo é relativo. Tudo depende.
A teoria da contingência rejeita a ideia de que existe uma única maneira de gerenciar uma empresa. Isso sugere que os gestores devem avaliar cada situação e tomar decisões exclusivas para essas situações.
Essa abordagem necessita que os gerentes permaneçam alertas e evitem confiar em regras, políticas e tradição como seus únicos guias para suas escolhas. Os gestores dinâmicos que entendem e usam a teoria da contingência operam em um estado de alerta e vigilância que pode exigir todas as suas faculdades.
Em oposição ao pensamento propagado por Frederick Taylor e outros teóricos da administração clássica que consideravam a preocupação organizacional apenas em termos técnicos dentro de um sistema fechado, surgiram as ideias da teoria contingencial com foco no sistema aberto.
Na perspectiva de visão da organização como um sistema aberto que interage com o ambiente que lhe abriga, há forte atenção à “atividade ambiental” imediata, ou seja, às relações estabelecidas entre organização, clientes, concorrentes, fornecedores, sindicatos e governo.
A partir da sensibilidade ao ambiente no qual está inserida, a organização passa a ser capaz de responder de maneira mais apropriada às mudanças ocorridas.
Pesquisadores conduziram um estudo nos anos 1950 que permitiu demonstrar as diferenças entre o enfoque mecanicista e o enfoque orgânico da administração.
No trabalho realizado em empresas industriais pertencentes a diferentes ramos, os pesquisadores verificaram que quando ocorrem mudanças no ambiente, nas condições de mercado ou na tecnologia, são necessários estilos abertos e flexíveis de organizações, no sentido de melhor se adaptar a essas mudanças.
Alguns afirmaram que um sistema de gestão mecanicista é apropriado para condições estáveis, enquanto que a forma orgânica é apropriada às condições de mudança, que dão origem a problemas constantes e necessidade de ações imprevistas.
Soluções Específicas para Problemas Específicos
Os gestores que aplicam a teoria da contingência respondem às causas dos problemas individuais, e não ao problema em si. eles procuram entender todas as influências que levam à dificuldade.
Por exemplo, a diminuição da produção pode parecer, à primeira vista, o resultado de funcionários negligentes. Uma análise mais profunda poderia revelar que a iluminação fraca e climatização insuficiente estão causando sonolência entre os funcionários.
Se o gestor tivesse simplesmente confiado em teorias motivacionais como uma resposta automática aos problemas de produtividade, ele poderia ter perdido a verdadeira causa da queda na produção.
A teoria da contingência incentiva os gestores a pensar sobre as consequências de uma decisão no que se refere a toda a empresa.
Suas ações devem refletir a cultura, o compromisso com a segurança e o bem-estar dos funcionários, a orientação para o lucro, o posicionamento da marca e as atitudes de atendimento ao cliente de toda a organização.
Ao mesmo tempo, ele deve responder ao problema em questão, de acordo com as causas imediatas. Esse foco duplo na organização geral e nas especificidades de um problema requer que um gestor visualize o macro e o micro ao mesmo tempo.
Integrando uma Variedade de Informações
Os gestores que operam sob os princípios da teoria da contingência precisam fazer mais do que apenas identificar uma ou duas influências em uma questão.
Eles precisam estar preparados para avaliar várias informações que podem estar contribuindo para um problema.
Usando o exemplo da queda na produtividade, podem descobrir que não apenas a iluminação e a climatização contribuem para o problema, mas também o programa de bônus de produção da empresa, a mudança do reconhecimento individual para o reconhecimento da equipe, a perda de alguns benefícios e equipamentos obsoletos.
Todos contribuem para um único problema. Os gestores de contingência precisam aprender a integrar todos os tópicos que se entrelaçam para tomar decisões eficazes e resolver problemas.
Mudanças de Política
As empresas adotam políticas para reduzir o tempo gasto na tomada de decisões rotineiras. No entanto, uma empresa que aplica a teoria da contingência requer gestores que possam distorcer essa política ou mesmo anulá-la, se as circunstâncias exigirem um novo tipo de decisão.
Isso os leva a interpretar as políticas de forma imprecisa, mantendo os valores e a visão da empresa em todas as decisões. Contingências surgem que podem ser imprevisíveis, e os gestores precisam da flexibilidade para se adaptar às novas circunstâncias.
Características Gerais da Teoria da Contingência
A teoria contingencial é uma das teorias mais modernas no ramo da administração de empresas e consiste em afirmar que tudo é relativo, ou seja, que existe uma relação entre os fatores ambientais (externos) e a gestão de uma organização (interno) para alcançar os objetivos traçados pela empresa.
Algumas características desse modelo de gestão incluem:
- A gestão é de natureza situacional. A técnica de gerenciamento depende da complexidade da situação.
- É a abordagem de “se” e “então”, onde “se” representa a variável independente e “então” representa a variável de gestão dependente ou a técnica a ser adotada nessa situação. “Se” os trabalhadores têm fortes necessidades fisiológicas, “então” motivadores financeiros devem ser adotados ou “se” eles tiverem necessidades de ordem mais alta, “então” motivadores não financeiros devem ser adotados.
- Os princípios de gestão não são de natureza universal, pois não há melhor estilo de gestão. Os gestores tomam atitudes situacionais que dependem das circunstâncias ambientais.
- Ajuda na compreensão das organizações complexas, uma vez que se concentra na natureza multivariada das organizações.
- Ajuda uma organização a operar sob diferentes condições ambientais. Em vez de ter uma solução específica para resolver problemas, ela fornece uma estrutura na qual todas as soluções dependem das condições ambientais. O mesmo problema pode ter diferentes soluções em diferentes momentos e diferentes problemas podem ter a mesma solução no mesmo ponto de tempo.
- Fornece informações sobre a capacidade de adaptação da organização ao ambiente interno e externo. É uma questão de adequar o ambiente interno ao seu ambiente externo.
A teoria contingencial busca estudar como as variáveis do ambiente, o contexto e as formas de gestão de uma organização podem influenciar para o sucesso dos objetivos da organização.
Outra preocupação da teoria da contingência, além do ambiente e da tecnologia, é a preocupação com o sistema técnico da empresa, fator importantíssimo para a formação da estrutura operacional e para o trabalho, controle exercido e grau de qualificação.
Outro objeto de estudo para a teoria da contingência é a relação de poder nas organizações, pois é necessário que haja uma estrutura de poder que seja independente do controle externo.
A equação do poder externo determina que quanto maior o poder exercido de forma externa maior será a habilidade da empresa em centralizar decisões e formalizar normas e procedimentos.
Avaliação da Teoria da Contingência
Essa teoria se mostra útil para a prática de vários tipos de administração, como:
- É uma integração de diferentes escolas de pensamento: abordagem clássica, comportamental e sistêmica. Integra os princípios de diferentes escolas de pensamento e as aplica conforme as necessidades da situação.
- É de natureza pragmática, pois a solução para todos os problemas é encontrada após a análise da situação.
- Segue a técnica de análise multivariada. Pensa em todas as possíveis variáveis ou fatores que afetam a situação e adota a melhor solução.
- É de natureza adaptativa. Não pressupõe uma estrutura pré-concebida da organização, mas adota uma estrutura que ajuda a organização a se adaptar ao ambiente.
- Ajuda a projetar a estrutura da organização e planejar os sistemas de decisão da informação. Uma organização de pequeno porte pode ser centralizada e uma organização de grande porte pode ser descentralizada na estrutura.
- Ajuda a conceber abordagens motivacionais e de liderança para incentivar os trabalhadores. O estilo autocrático pode ser adotado para lidar com trabalhadores não qualificados e estilo participativo para lidar com trabalhadores qualificados. A abordagem de contingência para a administração é considerada como um ramo líder de gerenciamento atualmente.
Limitações da Teoria da Contingência
Apesar do melhor que a teoria da contingência oferece ao pensamento gerencial, ela não está isenta de críticas.
Os críticos afirmam que:
- Não segue o conceito de “universalidade de princípios”, que muitas vezes se aplica a situações de gestão específicas.
- Argumenta-se que o que a teoria da contingência afirma também foi afirmado por Fayol. Ele também falou sobre a flexibilidade dos princípios de gerenciamento. Portanto, a teoria não acrescentou nada de novo ao pensamento gerencial.
- Como não há solução definitiva para um problema, os gerentes pensam em alternativas para chegar à escolha certa. Isso é caro em termos de tempo e dinheiro. Ela também não fornece base teórica sobre a qual os princípios de gerenciamento serão baseados.
- Não é possível aos gerentes determinar todos os fatores relevantes para a situação de tomada de decisão. Por causa das restrições de tempo, dinheiro e habilidade, os gerentes não podem coletar informações completas sobre o ambiente, nem analisá-las completamente.
- Além disso, não é possível estabelecer um relacionamento perfeito entre esses fatores. A aplicação desta teoria pode, portanto, ser uma tarefa complicada, pois as decisões são baseadas em informações limitadas.
Essas críticas são apenas teóricas por natureza. A teoria contribui para o desenvolvimento do pensamento gerencial, se aplicado racionalmente.
Como Aplicar a Teoria Contingencial em uma Empresa?
A aplicação da teoria em uma empresa deve acontecer da seguinte forma: a equipe administrativa trabalha para encontrar soluções específicas para lidar com problemas no local de trabalho e satisfazer as necessidades dos clientes, adaptando-se às necessidades deles.
Quando escolhe essa teoria para seguir, a empresa passa a ter um maior controle sobre o comportamento e desempenho de seus funcionários.
Assim, eles passam a exercer suas funções seguindo exatamente o que lhes é passado, sem autonomia para tomar decisões.
Isso significa que é importante atribuir aos funcionários tarefas baseadas em competências relevantes, como desenvolver estratégias para cumprir prazos e integrar esses esforços para fornecer um plano de ação que possa ser plenamente realizado.
Os gestores têm um papel extremamente importante na abordagem contingencial, uma vez que são eles que irão atribuir funções para cada colaborador, de acordo com as necessidades que surgirem pelo caminho.
Por isso, é fundamental ser flexível para alterar o planejamento e as delegações de função sempre que necessário.
Liderança e a Teoria da Contingência
Os estilos de liderança descritos pela teoria têm evoluído para se adaptar às mudanças dinâmicas nas situações e no ambiente.
Uma vez que cada cenário em que um estilo de liderança é necessário, será estruturado por fatores contingenciais e dimensões estruturais que fornecem a característica interna para os limites do líder, incluindo tecnologia, cultura, tamanho da organização, metas e ambiente externo.
Em consequência, um sistema fornecerá um estilo multidimensional: abrangência, racionalidade, financeira, dissensão de solução de problemas, descentralização hierárquica e tipologias objetivas de decisões estratégicas, decisões de gestão de topo e fatores contextuais.
Esses fatores criarão a base para medir a eficácia de um líder dentro da organização.
O modelo de estilo de liderança de contingência descreve que os gerentes precisam adaptar diferentes formas de comando para serem bem-sucedidos adotando os modelos para atender à situação.
No entanto, essa abordagem é uma abordagem reativa e dependerá do quadro fornecido pelos fatores de contingência e pelas dimensões estruturais.
A teoria da contingência se tornou uma teoria “depende”. Portanto, forçando o líder a adequar seu estilo à confiabilidade das situações. Este modelo teórico explica o estilo de liderança no ambiente de líder, seguidor e situação.
No entanto, o seguidor, o líder e a situação fornecem uma faixa operacional restritiva para os líderes, seja deixando um contexto estrutural adicional ou subcategorizando os fatores de contingência em limites menos influentes.
Essa restrição no estilo de liderança contingencial pode ser atribuída ao subutilizado de sistemas não dinâmicos, as redes neuronais e a teoria do caos, entre pesquisadores da administração.
Em contraste, esses sistemas estão bem desenvolvidos em problemas como marketing, preços de ações e pesquisa de mercado.
Assim, as revistas de administração que abordam esse assunto a partir dessa visão são estreitas e a abordagem não é usada para explorar relacionamentos não-lineares nos fatores de contingência.
Embora alguma literatura de gestão declare que não há novos modelos de liderança e, portanto, pesquisando sobre os estilos em vez da situação.
Há uma nova abordagem avaliativa para a teoria da liderança, conhecida como Sistema Adaptativo Complexo, que é um nível abaixo da Teoria Complexa, e o objetivo é preencher a lacuna entre modelos dinâmicos e teorias de contingência.
Esta teoria passa das generalizações fornecidas pelo líder, seguidor e situação para um sistema adaptativo complexo através de sistemas abertos e metodologia não linear.
Essa dinâmica complexa pode ser usada como um quadro para um sistema de Liderança Adaptativa Complexa devido à constante mudança nos fatores de contingência.
Além disso, cada mudança ocorrerá em uma escala e tempo diferentes e é independente de subcategorias nos fatores de contingência.
Por exemplo, quando observamos o ambiente como um todo, as teorias de liderança são restritas aos limites fornecidos pelo meio ambiente como um agente de mudança.
No entanto, pensar no ambiente como um sistema não linear, onde cada um dos seus subníveis é tratado como um indivíduo: Político, Econômico, Tecnológico, Social e Econômico (PETS). E em subsequência cada subnível é tratado como um sistema individual.
Por exemplo, econômico é dividido por micro, macro, e até que as variáveis se tornem menos restritivas e mais dinâmicas a abordagem atual do modelo de contingência é uma abordagem reducionista para apresentar um estilo de liderança para atender às necessidades dos sistemas.
Além dos fatores, o modelo deve observar os vínculos entre os elementos, já que cada sistema é criado por um membro do sistema, e cada membro é associado uns aos outros por graus de liberdade, os quais, conforme o sistema evolui, eles se tornam menos atuais.
Como exemplo, o caixa do Walmart é conectado por pelo menos 7 graus de liberdade do operário de fábrica de Bangladesh, e um evento que acontece na fábrica, como a perda de estoque devido a um incêndio na fábrica, terá consequências no caixa do Walmart.
Portanto, devemos entender que nos quadros de liderança os eventos devem ser observados como o “efeito borboleta”, ou seja, a ideia de que uma borboleta tremulando no Rio de Janeiro pode mudar o clima em Chicago.
O sistema adaptativo complexo também será afetado por fatores adicionais, como feedback não descentralizado, não linearmente, não proporcional ao nexo de causalidade, e independentemente do que acontece em um sistema local, próximo ao ponto de referência, não se aplica aos outros estados dos sistemas, o que fornece um paradoxo no efeito borboleta, de um ponto de vista teórico.
No entanto, o melhor exemplo é o caso de gerenciamento de estoque, em que a produção não pode parar independentemente do estoque, mas um nível de estoque baixo fará com que você aumente a produção.
Dependência de caminhos comportamentais originais, como em sistemas não-lineares, as decisões de liderança nunca serão as mesmas, porque cada sistema é diferente. Pode haver uma variação na resposta, onde o núcleo será baseado na referência histórica, mas a decisão será ligeiramente ou completamente diferente.
Em conclusão, a teoria da liderança contingencial é baseada em uma hierarquia categorizada por sua complexidade e interação entre os elementos árvore (líder, seguidor, situação) e fornece uma solução geral para requisitos de liderança.
Uma teoria mais complexa pode ser desenvolvida abrindo as restrições e avaliando cada fator como sistemas abertos, criando um nível de complexidade maior, onde os blocos estruturais não estão sendo definidos como dimensões verticais versus horizontais, mas como um processo integrado.
Teoria da Contingência Aplicada a Organizações de Pequenas Empresas
Os efeitos do tamanho na teoria contingencial da organização, originalmente derivados dos estudos de alguns autores, foram explorados replicando suas medidas em duas pequenas empresas que operam em indústrias separadas.
Os resultados sugerem que, embora a lógica de sua formulação se aplique tanto às pequenas como às grandes, as pequenas empresas evoluem e os problemas que encontram em se comportar de maneira consistente com essa lógica diferem das de grandes empresas de várias maneiras.
Em particular, há menos diferenciação interpessoal e estrutural em resposta à diversidade de tarefas nas pequenas empresas e uma relação mais complexa entre a diferenciação relacionada à tarefa e a qualidade das relações entre os departamentos.
Observações de campo adicionais também sugerem que o manejo efetivo do conflito decorrente de questões não relacionadas a tarefas é especialmente difícil na pequena empresa, enquanto a diferenciação em resposta à diversidade de tarefas e os problemas que isso cria são tratados com bastante facilidade.
Análises Gerais da Teoria Contingencional
A Teoria da Contingência, é ampla e prescreve uma abordagem para a estrutura organizacional, enfatizando a natureza sistêmica e tendo como premissa fundamental o inter-relacionamento complexo das organizações com o ambiente no qual as mesmas estão inseridas.
Além disso, nesta teoria é defendido que o desempenho organizacional depende dos processos de resolução de conflitos internos e do grau de aderência de sua estrutura às demandas do ambiente externo.
Assim, a Teoria da Contingência se estabeleceu como uma perspectiva da análise organizacional contemporânea, defendendo que as organizações são sistemas abertos que precisam ser administrados para satisfazer o equilíbrio das necessidades internas e se adaptar às circunstâncias ambientais, pois não existe uma melhor maneira de organizar uma empresa, sendo que a forma apropriada depende do tipo de tarefa e do ambiente em questão.
Um dos estudos que conferem autoridade a abordagem orgânica, que mais tarde, subsidiou o surgimento da essência da Teoria da Contingência, foi realizado na década de 1950 por Tom Burns e G. M. Stalker.
Este estudo observou empresas de vários setores demonstrando que os estilos de organizações bem sucedidas eram abertos e flexíveis, sendo necessários para que uma operação fosse bem sucedida em cenários de mudanças turbulentas e constantes, tanto no mercado quanto na tecnologia, que causam incertezas, problemas e desafios.
O estudo de Burns e Stalker demonstrou que a forma organizacional orgânica é apropriada para condições de mudança e é caracterizada pela natureza contributiva do conhecimento e experiência, pela tipologia realística das tarefas que são ajustadas de forma contínua através da interação entre os indivíduos e pela responsabilidade como um campo limitado de direitos, obrigações e métodos.
Além disso, é pautada também pelo compromisso entre as partes além das definições técnicas, alinhado à definição de papéis de trabalho baseados em interesses comuns em uma rede de controle, autoridade e comunicação.
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